quarta-feira, 11 de outubro de 2023

NOVAS REGRAS À VISTA NA EUROPA PARA ETIQUETAS DOS VINHOS

 A partir de 08/12 deste ano vigorará na Comunidade Europeia o Regulamento UE 2021/2117 que estabelece que as garrafas de vinho comercializadas na União Europeia deverão apresentar informações aos consumidores sobre ingredientes, valores nutricionais, energia utilizada e alergênicos. Afinal de contas vinho é alimento e, desta forma, o vinho se adequaria as regras já aplicadas para os produtos alimentares em termos de informações prestadas aos consumidores sobre os produtos comercializados.

Com exceção do valor nutricional, expresso em quilocalorias e das substâncias alergênicas que DEVEM constar no rótulo, as outras informações PODEM ser apresentadas no rótulo do vinho ou serem fornecidas online através um QR code que deverá constar no rótulo e que remanda á uma pagina específica do produtor onde são contidas as informações em questão. Os vinhos produzidos antes de 08/12/2023 poderão ser comercializados sem se preocupar de apresentar estas novas informações nos rótulos até o termino dos estoques.

Se de um lado as autoridades estão adequando a legislação, os produtores não escondem as próprias perplexidades quanto as problemas burocráticos envolvidos nesta nova operação e ao possível aumento dos custos de produção para se adequar a nova legislação, que implicaria num óbvio aumento dos preços de venda

segunda-feira, 6 de março de 2023

NOVO RECORDE DAS EXPORTAÇÕES DE VINHOS ITALIANOS

2022 fecha com as exportações italianas que batem um novo recorde, superando o volume de 8 bilhões de Euros. Enquanto se espera a publicação dos dados oficiais, dos Consórcios de produção das principais denominações chegam sinais promissores sobre a evolução das exportações.

 Iniciando dos tintos mais prestigiosos o Brunello di Montalcino fechou 2022 com +18% em valor, mas muito bem também se posicionaram o Chianti Classico (+17%), o Barolo com cotações relativas a safra 2018 que chegam perto dos 950 Euro por hectolitro e o Amarone della Valpolicella com um trend EXW de 360 milhões de Euros. Já entre os brancos e os espumantes a DOC delle Venezie se confirma o alicerce do sistema Pinot Grigio, com um aumento de 10% dos faturamentos em 2022, enquanto o Franciacorta confirma a própria predisposição no mercado interno que absorveu o 85% do produto comercializado.

Mas quem rouba a cena não só entre os espumantes mas, em geral, no panorama dos vinhos italianos é o Prosecco DOC, que registra no ano passado um aumento dos volumes produzidos de 1,8% e um aumento mais que proporcional dos valores (+11,5%) registrando um volume de 638,5 milhões de garrafas comercializadas por um business de mais de 3 bilhões de Euros.

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2023

IMPORTAÇAO DE VINHO NO BRASIL EM 2022

Foram recém publicados pela UN Comtrade (Departamento de Economia das Nações Unidas com foco nas estatísticas comerciais) os dados relativos a importação de vinhos no Brasil do ano passado.

Os dados abaixo devem ser interpretados considerando que os mesmos são expressos em Euro e, sendo assim, registram um aumento de aproximadamente 10% em comparação a 2021 unicamente em função da valorização do R$ sobre o Euro. O aumento em Euro de 10% corresponde, se transformado em R$, a uma diminuição de 7% em valor, passado as importações de 2,7 bilhões de R$ para 2,5 bilhões. Quanto ao volume importado, também se registra uma leve diminuição em comparação ao 2021 (1,536 milhões de hl. contra 1,593) mas, de qualquer jeito, os volumes se mantem relativamente estáveis com um aumento significativo das importações depois da pandemia (+15%).

Abaixo seguem algumas tabelas referente as importações em valor e volume:



Se analisamos a importação de vinhos por país de origem se percebe claramente que os principais países exportadores de vinhos são os vizinhos Chile e Argentina que, juntos, absorvem o 59,6% do valor das importações totais, respectivamente 40% e 19,6%, e o 63,9% do volume total importado, respectivamente 688 mil hl e 293 mil hl, conforme tabela abaixo:


Terceiro maior exportador de vinhos para o Brasil é Portugal, que graças a afinidade linguística e aos investimentos maciços do governo português feitos nos últimos 10 anos conseguiu se firmar como primeiro país da Europa em termos de valor e volumes exportados, sendo também o pais do velho continente que cresceu desde 2017 impressionante 10,6% em valor e 350% em volume. França e Itália brigam para se firmar na quarta posição com valores que variam entre 35 e 40 milhões de Euros, sem conseguir deslanchar no mercado nacional dos vinhos importados. Enquanto o mercado nacional dos vinhos cresceu em média 7% ao ano nos últimos 5 anos, Itália e França aumentaram só 1,2% e 2,0% respectivamente em valor, enquanto o Chile cresceu 7,3%, Argentina 13,6% e Portugal 10,6% e se analisarmos os trends dos volumes, conforme tabela abaixo, é fácil perceber que os parceiros estratégicos do Brasil são Chile e Argentina que nos últimos 5 anos cresceram respectivamente 6% e 13% e Portugal que cresceu 8%, enquanto Itália e França no mesmo período, registraram diminuições nos volumes de vinhos exportados de respectivamente 5% e 4%:



quinta-feira, 27 de outubro de 2022

AS CANTINAS MAIS BONITAS DO MUNDO

Todo mundo já sabe que a Itália é um dos países mais lindos do mundo, pelas suas cidades artísticas e históricas e pelas suas paisagens, muitas vezes caracterizadas pela presença de vinhedos. Agora também passa a ser conhecida como o País com as cantinas mais belas do mundo.

"The World's Best Wineyards 2022" é uma classifica que todo ano é elaborada com as mais bonitas vinícolas do mundo; a edição 2022 foi divulgada esta semana em Mendoza, Argentina, e o primeiro lugar é ocupado pela Cantina Antinori na área do Chianti Classico, obra prima de arquitetura assinada pela família Antinori por Marco Casamonti:


Renzo Cotarella, CEO de Antinori, comenta assim o resultado alcançado: "Este é um resultado que nos gratifica muitíssimo, pois este não é somente um reconhecimento dado a Antinori, mas sim a todo o Chianti Classico. Esta cantina foi construída em 2008 em um momento muito complicado, no ápice da crise financeira internacional, e premia nossos esforços e a capacidade da Antinori de enxergar o futuro no longo prazo. É uma forma de enaltecer o território do Chianti Classico que é nosso berço, onde tudo começou e uma maneira de premiar uma geração específica, aquela de Pietro Antinori, que deixou uma outra pérola para o território assim como sues ancestrais deixaram para história, em Firenze, Palazzo Antinori."

Além do primeiro lugar a Itália é representada com outras duas empresas, a Ferrari Trento, onde se elaboram espumantes método clássico, no 11 lugar e a Donna Fugata, n.49 do mundo, um dos principais produtores da Sicília. 

terça-feira, 16 de agosto de 2022

AS VIDEIRAS E O ESTRESSE HÍDRICO

 Este ano, mais do que nunca, a Europa está sofrendo com a estiagem prolongada e em alguns estados a videira já vem sofrendo com estresse hídrico. Considerando que o verão europeu está longe de terminar, os produtores de uvas para vinho de Itália, França e Espanha estão muito preocupados com as consequências de falta de chuvas. Mas, de fato, qual poderiam ser os problemas que a seca pode levar para a videira?

No curto prazo a consequência imediata é uma diminuição nos volumes produzidos e grandes dificuldades na fase do amadurecimento. Analisando as questões relativas ao ciclo vegetativo da videira, sem ser técnicos demais, antes da coloração (ou maturação) a seca limita a biossíntese dos taninos, dos ácidos orgânicos e de alguns precursores aromáticos, além de limitar o teor de açúcar das uvas e o tamanho dos bagos. Obvio que estas consequências variam, e muito, em função dos tipos de terreno e das castas em consideração.

Por exemplo, os terrenos argilosos, onde o solo tem a capacidade de capturar a água e de disponibilizá-la de forma gradual, garantem uma melhor resposta em termos fisiológicos ao estresse hídrico. As diversas castas se podem dividir em duas grandes famílias em relação ao comportamento à estiagem: as isoídricas e as não isoídricas. Isoídrico é o comportamento das plantas que fecham logo os estômatos para manter a água no interior da planta, garantindo um nível hídrico estável nas folhas durante o dia, para reduzir a transpiração e, de consequência, a perda hídrica. Porém o fechamento dos estômatos não permite a entrada de CO2, limitando, deste jeito a fotossíntese da planta. Uma das castas que tem este comportamento é a Montepulciano, que sofre bastante a estiagem.

Quando falamos de comportamento não isoídrico a planta reage a falta de água fechando só parcialmente os estômatos, de forma a garantir o cumprimento da fotossíntese. É o caso da casta Sangiovese, a rainha das uvas viníferas italianas, especialmente da Toscana, que é capaz de suportar até longos períodos de estiagem.

Além das consequências de curto prazo, qual poderiam ser os impactos das estiagens prolongada no longo prazo? Como explicou a revista francesa "Vitisphere" Alaine Deloir, professor do Istitut Agro de Montpellier e um dos maiores experts de fisiologia da videira da França, "as chuvas e a irrigação durante o amadurecimento não permitem recuperar o que foi perdido e a estiagem dificulta ainda mais a estocagem do carbono no solo, uma falta que a videira pagará só daqui a 10 anos"

terça-feira, 7 de junho de 2022

Valor da produção do vinho no mundo 2021 - Estimativas atualizadas

 As informações que publicarei foram obtidas a partir das informações da OIV atualizadas para 2021 com os preços médios das exportações dos últimos 3 anos dos principais países produtores, de modo a apresentar uma indicação mais correta possível sobre o valor económico da produção de vinho dos vários países.

O ano de 2021 foi caracterizado por dois fatores predominantes: a diminuição do volume produzido de 4% e um leve aumento do preço médio dos vinhos em comparação ao 2020. A França em 2021 perdeu 27% da produção em volume, o que determinou uma diminuição significativa no valor da produção, mas no final das contas o valor global da produção de vinho ano passado foi de 74 bilhões de Euro, o valor menor desde 2015. Desde valor global 24 bilhões são da Franca (-24%), 14 bilhões são da Itália (-9% que corresponde a diminuição do volume produzido) e quase 9 bilhões são dos EUA; os restantes 29 bilhões são divididos entre os outros produtores com Espanha e Austrália com, aproximadamente, 4 bilhões de Euro de valor cada.


Se analisarmos as tendências de médio/longo prazo, com uma média de 3 anos a França corresponde ao 35% do valor do vinho mundial, já a Itália ao 18% e os EUA a pouco mais que 10%. Se analisarmos, porém, as linhas de tendência a Itália parece ser o país com maior crescimento estável, ganhando, em média 880 milhões de Euros em valor, contra os 550 da França e os 500 dos EUA.

Seguem algumas tabelas macro sobre o valor do vinho exportado, a produção em volume e o valor da produção obtida pelo método evidenciado no começo deste artigo:





quinta-feira, 31 de março de 2022

Aumenta o amor dos italianos para com o vinho

 É isso mesmo!! E este é um dado oficial que foi evidenciado ontem em Roma na apresentação da última pesquisa "Os italianos e o vinho" realizada pelo Observatório Vinitaly-Nomisma Wine Monitor e que faz parte dos eventos preparatórios para a próxima VinItaly que será realizada de 10 até 13 de Abril em Verona.

Como antes, melhor que antes: o amor dos italianos para o vinho ainda é grande, até maior que no último período antes do Covid. No último ano o 89% dos italianos bebeu vinho, dado em alta em comparação a 3 anos atrás, graças especialmente ao aumento exponencial de jovens com mais de 18 anos, protagonistas de consumo moderado e consciente. O quadro que se define para os italianos é de uma paixão douradora com o néctar de Baco aonde se acrescenta a natural curiosidade da população mais jovem. Em comparação com 2019, os consumidores pertencentes à Geração Z e Millenials (18-41 anos) aumentaram consideravelmente de número (de 84% para 90%) mas não nas quantidades, enquanto fica estável a incidência dos consumidores da Geração X (42-57 anos) e diminui a cota dos Baby Boomers (mais de 57 anos) que não são mais os primeiros em número (de 95% para 90%) mas continuam em frequência de consumo.

Em comparação com 3 anos atrás são diferentes os contornos de novidades ligados as tipologias mais consumidas. Em conformidade a quanto publicado no estudo a tendência de crescimento mais consistente diz respeito ao consumo de vinhos mixados (principalmente Spitz) que correspondem ao 63% dos consumidores contra o 56% de 2019. Mas os números altos nem sempre correspondem as quantidades: os espumantes, assim como os vinhos roses e o Spitz são objetos de consumo esporádico, especialmente para os consumidores com menos de 40 anos, com só o 20% que os bebes pelos menos uma vez por semana. Bem diferente a situação do vinho tinto, que continua sendo o ponto firme dos consumidores regulares, com cerca o 60% dos Baby Boomers que os bebem 2 o 3 vezes por semana, enquanto 1/3 deles os bebem todos os dias. 

Outras informações interessantes que se destacaram na pesquisa são as escolhas futuras dos consumidores que estão sempre mais voltados para os vinhos biológicos/sustentáveis. Esta categoria detém o maior potencial de crescimento futuro com o 27% da preferência dos consumidores contra uma diminuição de 6% para os vinhos autóctones (de 28 para 22% das preferências), uma revolução green chefiada pelos Millennials (18-41 anos), cuja cota para as escolhas sustentáveis sobe além do 32%, enquanto os autóctones diminuem até 18%. Esta tendência green é clara e amparada pela disponibilidade dos consumidores em gastar até 10% a mais para comprar um vinho que esteja em conformidade com a própria ética e crenças ambientalistas.

Enquanto as regiões preferidas dos consumidores não mudaram muito em comparação ao período pre-Covid, com Veneto, Toscana e Piemonte encabeçando as preferências, seguidas pela Puglia e Sicilia, muda muito o tipo de vinho que os consumidores querem beber no futuro: fáceis de beber, leves, com baixa graduação alcoólica ou "no alcool".